Brado Retumbante

Brado Retumbante
Por Russo Patriota

Eu quero uma escola gratuita a cada esquina
Com piscina, biblioteca e quadras de esportes,
Salas de aula com toda estrutura,
Ginásio, Atelier, Palco, Cantina,
De merenda farta, bonita, saudável
Nutritiva, saborosa, divina.

Eu quero professores e funcionários de alta estima,
Bem pagos, felizes e de elevada instrução,
Sabedores da didática certa para cada aluno
E que os tratem como a um filho, amigo, irmão.

Eu quero uma praça pública a cada quarteirão
Cheia de árvores frondosas e diversão,
Em que prosperem a amizade e a união.
E que nesta ágora discutam-se, a cada dia,
Com inteligência, efeitos práticos e ponderação,
Os caminhos do grupo, o que chamam nação.

Eu não quero mais, com certeza,
Pais com complexos, de horizontes frustrados,
Agressivos, ignorantes, indiferentes.
Porque, se a família se vai, se vai toda a gente.
E tem-se muito dever pela vida que damos.
E se não querem este peso, porque o seu já é muito,
Que pensem, antes, do prazeroso ato,
Que qualquer um de nós, a certa idade, podemos.

Mas se querem - e se querem - é preciso sustento.
E, por isso, para todos, eu quero emprego;
Que jamais equivalha a desasossego,
Mas à natural expressão do sentido comunitário,
Do qual a recompensa chamam “salário”,
Que deve ser bastante para uma vida digna.

Há, ainda, entretanto, este tal “capitalismo”.
E se esta lama confusa é onde chegamos...
Que, ao menos, seja de bom proveito.
Que não se confundam conceitos com egoísmo.
E do maior esforço, se houver “lucro”,
Que contenha-se também a inveja, a revolta, o engano.
Mas, para tanto, o que chegou ao posto “mais rico”,
Se é que isto algo significa,
Saiba que ainda deve, ao oculto, sua vida
E que, a toda prova, o que esta força propõe
É que o pão, o teto, o pano divida.
E que não se queira mais do que precisamos.

Eu quero, portanto, empresas éticas,
Que mais queiram o bem do que o dinheiro.
E pelo bem atuem sobre a natureza,
De modo que não a destruam,
Mas com ela aprendam.
Porque se ela se for, lá se vão todos planos...
E bem reconheçam a força que empregamos
E nos dêem o retorno do que nós mesmos criamos!

Deste modo, eu quero, sem embargo,
Uma grande horta comum, a cada terreno,
Daquilo que a terra pode, ali, ir provendo.
E a terra, que é boa, se bem compreendida,
Por bilhões de anos, vai nos alimentando.

Não queria doenças, neste meu sonho,
Mas elas também são parte da vida;
Porque seres microscópicos nos querem por dentro.
E esta batalha, parece, têm ganho...
Está aí o veio certo de nossa sabedoria,
Que é mesmo superior
Aos demais seres do planeta.
Pois, em vez de bombas, hospitais construamos,
Com toda a ciência e a tecnologia devida,
Bem como com o que temos de mais humano:
A piedade que nos dá força para salvar o próximo.
Vá todo o dinheiro por esse caminho
E será todo esse dinheiro bem gasto!
O resto acima já resolvemos:
O Comunismo real é do que precisamos.

Eu não quero violência, em nenhum plano.
É ela também resultante do medo,
Da perda por vir, em face daquele que afronta,
Que poderia escutar o que tenho a dizer.
Mas ele também saberia.
E eu não precisaria dizer,
Porque não haveria afronta.

Não queria polícia, neste meu sonho,
Afinal, não seria preciso.
Mas, não esqueçamos da importância
Que ainda têm
Estes profissionais de cunho bravio,
Para conter os desvios de um ou outro coração.

Que tenham, pois, os guardas, a melhor condição,
Muito treino e aparato para, em seu quinhão,
Resolver os atritos sem um tiro sequer;
Convencer ao Direito, com educação.

Se por consenso chegamos a essa Democracia,
Eu quero, no governo, verdadeiros administradores,
Que jamais promovam os horrores que ainda vemos
E que mereçam a atual polícia os que até hoje fizeram.

Eu quero legisladores de sensibilidade e talento;
Que saibam a divindade de sua missão,
De compor as leis dos homens, as quais ainda precisamos,
Até que não sejam mais precisas e o “Estado” se acabe
Em seres que sabem o que é certo e errado.
Porque não há Lei Maior que a Ética do Cosmos.

Magistrados serão amigos fiéis da humanidade,
Pessoas de muito bom senso,
Capazes de dirimir qualquer desavença
Pela palavra eficaz que não será esquecida.
E os advogados, tanto quanto o Juiz,
Conselheiros de suma inteligência,
Que, antes de instigar, porão freio aos conflitos.

Não haverá, então, mais traficantes,
Estupradores, políticos corruptos,
Assassinos, rufiões, meliantes.
E o demônio que disser que o bem é errado
Se sentirá envergonhado pela solidão eterna no Universo,
Porque ninguém lhe dará ouvidos.
Para o nada será exilado!
(O mundo inferior de onde não deveria ter escalado);
Porque a esse novo mundo seu espírito vil não pertence.
Antes, teria que ter avançado.
Mas, se quiser tentar-se em um novo estágio,
Que aprenda com tal brado retumbante,
Ou retorne sozinho para o fim de tudo:
A tumba torpe de onde veio.

5 comentários:

Marco Antonio Martire disse...

Belo sonho, meu amigo! Se fosse possível, que se fizesse mundo em um passo de mágica. Infelizmente, temos que ralar em busca da melhor solução.

Bruno Moreira Lima disse...

Valeu Marcão! Mas, não custa tentarmos... Quer dizer... Custa à beça. Mas, não nos deixemos desistir... Grande abraço! E obrigado pelo prestígio!

Bruno Moreira Lima disse...

P.S. O batismo foi muito anterior à minissérie da bobo. Na verdade, seria o título de uma coletânea que estava pensando em publicar impressa. Agora, já era... Vão dizer que eu imitei o panfleto televisivo... Fazer o quê?! Quem tem mais poder fala primeiro e cala os demais. E essa não é a primeira (ou segunda, ou décima) vez que isso me acontece... Hehehehe

Bruno Moreira Lima disse...

Mas, não importa... O negócio é continuar. No sussuro humilde e sereno...

Hippies de Ray Ban disse...

Muito bom russo. chegar nesse mundo é provavelmente difícil, mas absolutamente possível. Segue no caminho dele, to nesse caminho aí tb!