domingo, 28 de fevereiro de 2016

Dívidas

Dívidas
Por Macaco Independente

Se nasce devendo,
Aos pais,
Uma vida.

Na escola, se deve,
Ao mestre,
O estudo.

Creditam-se,
Os amigos,
Da sua acolhida.

O salário
E a comida,

Ao patrão
Que devemos.

À mulher,
O desejo,
O lar e o beijo;

Ao filho,
O sustento;
Ao irmão,
Uns favores;

Ao padre,
A bênção;
Ao cão,
Companhia;

À enfermeira,
O paletó;
E o velório
Ao coveiro.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

O número 3

O número 3
Por Macaco Russo

O número 3 é maluco!
Ele não sabe se relacionar com as pessoas.

Deveria ser uma espécie
De espírito santo,

Mas, resolveu desertar,
Por dúvidas em seus sonhos

E entorno.

Ele é demais!
Sensível demais...
(Isso é coisa de veado!)

Inflexível,
Inconstante,

Curioso,
Interessado,
Questionador,

Mas também duvidoso,
Ainda quando o digam imparcial.

Já nasceu velho.

Não tolera erro moral,
Nem lógico.

Implacável no julgamento

E não se divide...
Porque se parte em pedaços!

O número 3
É oito ou oitenta.

Merecia ser preso numa jaula,
Em razão de seus pensamentos.

Esforça-se para se manter íntegro.
Soa maciço e talvez maçante,
Mundano incrédulo e birrento,
Com os pés cimentados,
Embora quisesse ter alguma graça.

Logo ele, o caçula,
Que parecia tão bonzinho...

A quem a mulher dá a mão,
Segura,
Desde que tenha paciência,
Enquanto ele reza
Para ela não ir embora,
Pelas suas idiossincrasias.

Amigo leal dos amigos,
Extra cuidadoso dos familiares,
Dócil serviçal dos capatazes.

Mas, de repente,
Dana a louvar Satanás,
Empunhando o seu tridente!

Não se contenta com bronze
E suas dimensões
São uma grave questão
De tempo e espaço...

Competitivo,
Como um bicho,
Quando vulnerável,

Sem eira, nem beira,
Pode se tornar agressivo
E destruir tudo a seu redor!

Jamais!
Ele não serve;
Ele não pode!

Definitivamente,
O número 3 é problema...

Anote aí:
Temos que excluí-lo!

Só precisamos descobrir como.
Pois ele insiste
E não morre,
O desgraçado...

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Bolchevique

Bolchevique
Por Macaco Russo

Comunista não pode tomar sorvete,
Nem abrigar-se no ar condicionado.

Comunista tem que sofrer!

Comunista não pode usar perfume,
Nem portar smartphone...

O comunista tem que feder!

Comunista não pode locomover-se
Em automóvel moderno;

Não pode divertir-se,
Ou dar risada,
À montanha russa;

Não merece comer
Comida grãfina,
Nem mesmo hamburguer,

Porque ele come criancinha!

O comunista tem que ser 
Uma espécie de São Francisco,
Ou algum tipo de mendigo...

Afinal, o comunista
É um asceta de sangue frio.
Não é um humano;
É um robô!

A ele é vedado
Querer para todos
Essas coisas exclusivas de uns poucos,
Pois, se não, o mundo acaba

E é melhor destruí-lo, apenas,
Para o conforto de quem pode ter.

Por isso tudo é que o comunista
Não devia nem nascer...