sexta-feira, 31 de outubro de 2014

God Father

God Father
Por Macaco Insensível 


Era um visitante estranho


Que, embora aparecesse pouco,
Por só uns dias a cada trimestre,
Azado mês, estação ou ano,
De mim dizia,
Por ter me feito,
Saber de tudo o que eu sentia.

Mas, nunca esteve para meu suporte
Assim, mais próximo, a saber da sorte
Dos vacilos, dúvidas e temores,
E muito menos das minhas dores.

Ainda chegava com toda soberba,
Enfado, ironia,
Desfaçatez,   
A largar conselhos,
Como se ordens fossem,
Entre uma e outra
Embriaguez.

Entretanto,
Me dava dinheiro,

Sem ressalva ou motivo,
Promissória ou multa,

Além do encargo,
Que assim eu pagava,
De não dar conta de suas faltas.

Doravante, aprendi com ele
Quão duro é o mundo;
Quão bruta é a alma;

Não havendo espaço
Para a comezinha
Necessidade
De apoio e afeto
De quem devia
Ser um forte laço. 



Era um visitante estranho.



Tão pouco ligava,
Tão pouco vinha;

Tão pouco era
Tão pouco amável;



Que nem sei o que fazia
Na minha casa.

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