Porto Maravilha
Ao lado do Palácio da Justiça,
Embaixo do viaduto,
Revela-se um mundo injusto,
Que, providencialmente,
Será implodido,
Oculto,
Dissipado,
De depauperados e despossuídos
Da moral,
À qual não foram talhados,
Do pensamento,
Que restou confuso,
Do alimento,
Que lhes foi negado,
Do lar,
Que jamais tiveram,
Da odiosa fuga,
Qual, nas garrafas, arderam,
Ou nos cachimbos,
Nos quais os dedos queimaram.
E tudo isso está lá.
Eles estão dormindo,
Entre as pontas de cigarro,
A urina e a fumaça,
As buzinas e o escarro,
Da Quinze à Mauá
Que já viram cair os cortiços...
Esse espaço,
Ora sujo,
Doravante loteado,
Por um Estado
De mamulengos,
Servirá aos ricos
E às empreiteiras
Para fincarem ali
Um legado pétreo
Aplaudindo,
Do palácio,
A derradeira vitória da injustiça,
Que lhes fará ainda mais abastados.
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Porto Maravilha
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3 comentários:
Fodão Russian Ape. Mete bronca. Hippie de RayBan.
Uma crítica visceral sempre há de servir, é a bandeira hasteada, o verdadeiro compromisso com a gente debaixo do sol. Abraço!
Grandes amigos Ulisses e Marco Antonio, obrigado pela visita. Não deixemos de explanar sobre as injustiças que observamos. É também uma maneira de tentar saná-las e, quem sabe, levar o mundo em que vivemos a um estágio mais equânime e fraternal. Grande abraço e mantenhamos o diálogo!
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